segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Das quatro às dez.



Chocolate, bolo, refrigerante, suco, toalha, mais chocolate... Certo. Tudo pronto. Certo?

"Leva copos", ele disse.

Ah, claro! Copos! Como pude esquecer?

- Vó, preciso de mais uma coisinha - revirei nos armários, procurando por alguns de plástico mesmo.
- Olha esse sol! Você deve ser louca. Vocês todos! Pra quê isso? Não podem ir mais tarde, ou em outro dia? - repetiu pela terceira ou quarta vez, e eu não respondi, já cansada da mesma pergunta - Toma aqui - colocou dois copos na minha mão - E trás de volta a minha toalha, entendeu? - balancei a cabeça positivamente, e disse para ela não se preocupar. Eu era cuidadosa. Pra quê stress?

Respondi a mensagem de texto, avisando à eles que logo estaria lá. Olhei-me no espelho mais uma vez, e então corri até o carro da tia, que me esperava em frente da casa. (...) Não demorou mais que cinco minutos para chegar ao parque e avistar os dois a minha espera. Desci do automóvel, e atravessei a rua rapidamente, tomando cuidado para não deixar cair nenhum dos alimentos da sacola.

- Até que enfim! - ela disse enquanto andava em passos largos e com os braços esticados em minha direção. Fazia tanto tempo que eu não a via, e a sensação era a mesma que da primeira e última vez que havíamos nos encontrado; Ela era adorável. Apertou-me com força contra seu corpo enquanto o loiro logo atrás tentava tirar uma fotografia.
- Pronto. Consegui! - falou ele, orgulhoso, na segunda tentativa. Dei risada e me juntei aos dois que já haviam estendido uma toalha sobre a grama verdinha e, por incrível que pareça, bem cuidada.
- Aqui está - abri a sacola, mostrando as barras de chocolate, o bolo e os copos. Estava tudo ali, mas ainda faltava alguém - Cadê aquele menino, ein? Ele me disse que já estava vindo, e isso foi há um bom tempo antes d'eu sair - todos se olharam, e concordaram balanço a cabeça. Então, como se a menção da pessoa pudesse fazê-la aparecer mais rápido, ele surgiu do outro lado da rua, sorridente.
- Agora sim - disse o loiro, já se levantando para receber o amigo que se aproximava.
Eu e a doce garota fizemos o mesmo em seguida, e depois de um caloroso abraço no moreno que acabara de chegar, nós finalmente podíamos começar a nos divertir.

Mais chocolates e sucos foram colocados sob a toalha - agora duas, pois estendemos a da vó também - e então sentamos, tentando nos convencer de que aquela cena era totalmente normal, ou pelo menos extremamente divertida.
O sol escaldante das quatro da tarde queimava nossas peles, e fazia nossas roupas colarem no corpo, mas agradecemos por não estar chovendo. Com chuva não teria jeito. Já o calor a gente tentava aguentar, mudando mil vezes a posição das toalhas para sentar nas sombras que duravam apenas alguns minutos. Riamos. E a cada pessoa que passava de carro ou de moto nos olhando, riamos mais. Elas encaravam e riam também. Deviam achar que estávamos loucos - assim como minha avó achava -, mas nenhum de nós estava realmente ligando. Aquele momento era tão bom. Perdidos no meio de uma tarde, em um domingo qualquer; Juntos, cantando, tirando fotos, comendo, e apreciando a companhia uns dos outros.

Ficamos ali até os números no relógio avisarem que o show ao qual queríamos assistir logo começaria, e tínhamos que chegar a tempo. Então recolhemos tudo, sem esquecer da toalha - sou muito cuidadosa mesmo, né? - e deixamos um pouco de refrigerante e chocolates pra algumas crianças que estavam sentadas por perto.

- Fiz minha boa ação do dia - o moreno falou, abrindo um sorriso satisfeito.
- Fez sim! Que bonitinho - disse a garota de vestido.
- Então vamos, né galerinha? - e seguimos o loiro até seu carro.
- A gente tem que passar na minha vó pra deixar essas coisas, ok? - eu mais ordenei do que pedi, já sentando no banco traseiro.

Todos concordaram, e lá fomos nós. Alguns segundos na casa para deixar as coisas, colocar o salto agulha, usar o banheiro... E depois, todos de volta ao carro, rumo a mais diversão.

(...) Aquela tarde se estendeu em uma noite agradável no Pub da cidade vizinha, e as conversas e risadas continuaram, mesmo abafadas pela melodia das canções de metal. E eu já não me importava se o estilo não fosse dos meus favoritos, ou se o calor fizesse minha cabeça girar. O importante era tê-los ali, e saber que o nosso ano de aventuras estava só começando.

Um comentário:

Alini Saab disse...

AH laís... que saudade. Queria eu, que nada mudasse nessa vida (às vezes)
Linda <3