quarta-feira, 27 de julho de 2011

75ml

Ao abrir a porta central do quarta-roupas de Emily, era possível ver duas prateleiras pequenas. Uma, lotada de maquiagens e tudo que fosse útil para pintar-se, e na outra, perfumes e mais objetos que auxiliavam-na em sua produção noturna. Encarou todas as coisas "amontoadas" à sua frente e, em um impulso, resolveu pegar o frasco vermelho que descansava suavemente na prateleira a sua direita. Ele não chegava a ter uma cor vibrante, pelo contrário, era opaca, lembrando mais um tom de vinho do que o vermelho em si. Além disso, era pequeno, de tamanho suficiente para que ela pudesse encaixa-lo na palma de sua mão. Mas ela o segurava com cuidado, pois o vidro era frágil, tanto quanto a própria garota. Um frasco fino, delicado, atraente, e que mantinha por dentro, uma fragancia divina. Ela, há muito, não sentia aquele aroma que havia sido tão marcante em suas noites. Decidiu, então, recordar-se. Trouxe-o para perto de seu nariz, e puxando o ar com força, inebriou seus pulmões com o perfume mais quente, envolvente e desejável que já havia sentido. De repente, tudo estava de volta. As noites com seus melhores amigos, as risadas enquanto caminhavam nas ruas, a casa da maior, a vontade insana de ver seu platónico, as idas ao pub, boates, festas; as intrigas, os abraços, o inverno, as roupas, as maquiagens vibrantes, as músicas. Dois mil e dez nunca parecera tão real e próximo novamente. Falta? Era pouco perto do que ela sentia. Já não era possível descrever. As palavras já estavam escassas há muito tempo.


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