quinta-feira, 31 de maio de 2012

Qualquer lugar em março, part3.

Resolvi, depois de um bom tempo, terminar minha mini saga de "Qualquer lugar em Março". Ficou bem grandinho (eu juro que tento controlar essa mania de detalhar demais), mas não tá de todo o mal, vai. Vou deixar as outras partes aqui:


(...)

Entrei calada no automóvel, acomodando-me em uma das laterais, enquanto Julie e Mônica vinham em seguida. Nick, sendo o único garoto, foi na frente, ao lado do motorista. Assim que o carro deu partida, Nicollas, como era de se esperar, começou a puxar algum assunto banal com o taxista. Coisas como quais são os pontos badalados da cidade, quem costuma frequentar o quê, e por fim, se o lugar para onde iriamos era muito longe. O homem respondeu que sim, e eu rezei mentalmente pra que o nosso dinheiro conseguisse pagar por aquele trajeto.

A paisagem ia ficando pra trás, e meu coração batia um pouco mais rápido que o normal, por alguns vários motivos que meu cérebro fazia questão de lembrar. Por tantos anos eu havia passado os meus finais de semana em casa, com um computador, sem qualquer vestígio de vida social, que estar tão tarde da noite pelas ruas, com meus amigos, me pareceu um grande passo.

- Estamos quase chegando - anunciou o taxista muitos minutos depois.

Perguntamos quanto iria custar a corrida, e quando vimos que nosso dinheiro seria o suficiente, sorrimos aliviados. Nos despedimos do senhor - muito simpático, aliás - e caminhamos excitantes para a entrada do bar.

Era um típico galpão, sem muitos adereços em seu exterior, apenas uma placa luminosa em cima da porta de metal, e a parede toda pintada em um tom de verde escuro. Se não fosse meu - quase - amor pelo rock'n roll e o cenário underground, eu provavelmente não iria reparar naquele lugar, nem sentir vontade de entrar nele. Mas, já que a meta era conhecer ambientes novos, começar por ali estava perfeito.

Entramos, e lá dentro eu me senti mais a vontade e, como posso dizer, em casa? Sim, em casa. Como se eu já pertencesse ao lugar. Na época, eu mal podia imaginar que aquele cenário me renderia tantas emoções e histórias, mas já podia sentir a vibração energizante que vinha das paredes forradas de jornal. Era incrível, puramente sujo, e silenciosamente agitado. Era tudo, ao mesmo tempo. Milhares de frequências, rostos, gostos, vidas. Alguns segundos ali foram o suficiente para eu entender a magia contida naquele grande salão.

Não havia muita oferta de lugares para sentar, então escolhemos uma mesa bem ao lado dos seguranças, e com visão perfeita para o palco. Depois que todos estavam acomodados, foi a vez de analisar o lugar, cada uma fazendo um tipo de comentário, o que nos rendeu altas risadas e atraiu alguns olhares das pessoas ao redor.

Entre conversas e risadas, meia hora se passou. Mônica acabou encontrando um "amigo" e migrou pra mesa dele, e Nick, Julie, e eu continuamos sentados em nossos lugares, absorvendo a música da banda de abertura, que estava realmente alta e nossos ouvidos começavam a gritar "socorro".

- Culpa sua, sonsa! - berrou Julie, mas com um tom engraçado, mesmo que eu soubesse que ela tava puta da vida por ainda estarmos ali.
- Minha? - tentei parecer indignada.
- É... Você que ficou torrando o saco pra'gente vir nesse lugar.
- Mas, ah... Vocês concordaram. Agora não pode ser só culpa minha - eu disse.
- Seja lá de quem for a culpa, eu estou cansado, minha cabeça dói, e quero ir embora - Nick se intrometeu.
- Eu também! Esse som tá fazendo minha cabeça explodir - Julie exagerou (ou não).
- Poxa gente... - tirei minhas mãos do bolso, oferecendo pedacinhos de algodão para os dois - Usem isso. Eu tou usando! - dei risada. Realmente estava usando, mas tenho que admitir que não estava adiantando para muita coisa.

Reclamação vai, reclamação vem, e antes mesmo da banda principal entrar, já estávamos indo embora. Mônica ficou, é claro. Mas nós três voltamos para nossa pequena e querida cidade antes da meia noite, com dor de cabeça, irritados, um jogando a culpa no outro, sem ouvir a bendita banda pela qual tínhamos pago, mas com a nossa amizade intacta, e mais um lugar para nossa lista (que estava só começando) de lugares para conhecer e se divertir.

(FIM)
Ufa, finalmente.

2 comentários:

Rafa Antunes. disse...

ficou incrível, e sim eu li tudo! haha parabéns [:

Valquíria Novaes disse...

Nossa que chato kkkkkkkkk
Pelo menos o povo ficou de boa :D
Bjos e bom final de semana!!
amonailart.blogspot.com