segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

"And I'll never see those days again..."

Uma das minhas coisas favoritas nessa rotina "volta às aulas" era me dedicar quase que completamente ao meu novo material escolar. Nenhuma sensação pode ser comparada com a ansiedade de comprar a bolsa nova, os lápis, as canetas, e o mais esperado: o caderno. Eu sempre fazia questão de escolher um bem enfeitado, de bichinhos ou com detalhes bem femininos, e contrariando meu pai, um dos mais caros, claro. Isso era pura diversão, desfilar com meu novo "amigo'', ao qual eu viveria agarrada por um ano inteirinho. Não que nele eu fosse escrever coisas muito úteis porque, na maioria das vezes, o que realmente me interessava era arrancar suas folhas decoradas para fazer brincadeiras na sala de aula ou escrever mais um texto, e mais um, e outro.

E quando, finalmente, chegasse o primeiro dia de aula, eu tentaria dormir mais cedo na véspera, mesmo sabendo que a ansiedade não me permitiria. Eram sempre noites muito mal dormidas, mas eu não ligava, valeria a pena se tudo saísse bem na tão esperada manhã. E eu acordava elétrica, literalmente saltando, vestia-me - com a roupa escolhida a dedo muito tempo antes -, arrumava meu cabelo - demorando bem mais do que nos outros dias que sucediam-se -, e fazia todas as outras necessidades matinais.

Lembro bem de passar horas ao telefone com meus amigos, combinando sobre qual horário chegar na escola, sobre o que levar, o que fazer. Era engraçado ver a empolgação que todos os outros sentiam também, esquecendo-se que passariam o resto do ano reclamando por não aguentarem mais estudar ou ir àquele lugar.

Eu saia do carro com meu irmão ao lado, e como de costume, andávamos até nossas salas, nos separando então. Assim que via minha melhor amiga, corria para o abraço, o mais apertado que eu pudesse dar. Nós sorriamos e começávamos, eufóricas, a contar sobre as últimas noticias e tudo que havíamos feito nas férias. Depois, era a vez de encontrar os nossos melhores amigos. Aqueles meninos à quem eu confiaria muitas aventuras durante o ano todo, ouvindo criticas ou conselhos todas as manhãs.

E agora, totalmente privada das melhores sensações que aquele lugar me proporcionou, sinto saudades de algo que eu pensei que nunca fosse acabar. De dias que pareciam eternos. É estranho passar sua vida desejando sair de um lugar, e quando você finalmente consegue, percebe que não sabe o que fazer sem ele. Sente-se perdida sem aquela rotina a qual você amou e odiou ao mesmo tempo. Parece que não, mas a escola pode fazer muita falta.




Nenhum comentário: