quinta-feira, 1 de setembro de 2011

"Olá Jack, eu mudei de ideia..."

"Foi há 84 anos... E ainda sinto o cheiro da tinta fresca, dos lençóis nunca usados, da porcelana nunca usada. O "Titanic" se chamava "o navio dos sonhos", e ele era. Realmente era."

Foi com essa frase que eu, aos quatro anos de idade, descobri o meu primeiro amor. Sim, acho que posso dizer que o meu primeiro amor foi um filme, mesmo isso soando estranho. Lembro com exatidão do dia em que nos "conhecemos", ou melhor, do dia em que ele me foi apresentado. Apesar de terem se passado 14 anos e da minha pouca idade na época, eu consigo me recordar de cada detalhe daquela tarde, afinal, ela deixou sua marca em mim.

Estava na casa da minha tia, quando a filha dela (que deveria ter entre 20 e 30 anos) chegou com dois VHS's nas mãos acompanhada de algumas amigas, e me chamou para assistir àquele filme com elas. O filme, alias, era lançamento, tinha acabado de sair das telonas. Eu, é claro, não entendia nada sobre filmes e muito menos cinema. Eu nem sequer havia entrado em um ainda. E tudo que assistia, até então, eram filmes da Disney, o que era apropriado pra crianças da minha idade, obviamente. "Titanic" tinha faixa classificatória acima de 12 anos, por conter algumas cenas fortes e nudez, acredito eu. Mas, felizmente, elas não se importaram com isso, e eu (tão nova) fiquei quietinha, sentada em um dos sofás, atenta a cada cena que ia passando. 

Quando meus pais chegaram para me buscar, fui obrigada a implorar-lhes para que não fossemos embora até que o filme acabasse (como todos sabem, não é um filme curto...) e, por sorte, eles concordaram. Depois daquele dia, eu não conseguia mais conter minhas vontades. Eu queria assistir mais e mais uma vez, incansavelmente. Fazia meus pais pegarem o filme emprestado, alugarem, davam um jeito, mas eu precisava vê-lo sempre um pouco mais. E eu não me cansava. Às vezes, passava a tarde toda assistindo. Acabava? Sem problemas, eu voltava a "fita", e estava lá, mais uma vez, fiel ao meu filme. Perdia as contas de quantas vezes o via durante a semana. Hoje, chego a pensar, que fui uma das pessoas que mais viu esse filme na vida, sinceramente.

Já disse que não acredito em "amor a primeira vista", mas acho que posso dizer que acredito em um "encantamento a primeira vista" porque "Titanic", sem dúvidas, me deixou maravilhada desde aquele dia. Foi uma paixão instantânea e intensa que, depois de muito tempo, virou amor. 

Pode ser um pouco "assustador" admitir, mas o que me encanta no filme sempre foi o fato de "Jack" morrer no final. Sim, isso me agrada. Enquanto todas as mulheres/garotas ficavam se lamentando com a morte do protagonista e desejando aquele típico "final feliz", eu ficava eufórica ao vê-lo congelando e depois, sendo tragado pelo fundo do oceano. A cena, para mim, era deliciosa. Acho que foi quando descobri meu interesse por dramas, tragédias, um bom romance sem final previsível e feliz. Nunca gostei de "para sempre", nunca nem acreditei. Gosto do que é óbvio. Desde muito pequena eu tinha o conhecimento de que todos morrem um dia, então, que assim fosse o fim.


"Titanic" sempre foi ideal aos meus olhos, sem tirar nem por. Mostra a triste realidade da época, a mocinha que precisa salvar a família da ruína e é prometida à um ambicioso milionário, mas que por ironia do destino, apaixona-se perdidamente por um cara que não tem onde cair morto. Esse cara, entretanto, a liberta. Mostra à ela como viver intensamente, não tendo medo de se arriscar e lutar pelo que se quer. Ele a salva do começo ao fim. "Jack me salvou de todas as maneiras que uma pessoa pode ser salva...", ele a salva não só de um suicídio e nem de uma morte trágica (no final do filme) mas, principalmente, a salva dela mesma. Da angustia e o medo que a atormentavam-na, da prisão em que ela se encontrava por dentro.

O romance de Titanic é bem mais que "amor", "paixão", "atração". É, na verdade, uma lição de coragem e respeito. De lutar por sua própria vida e pela vida de quem é importante pra você. "Tem que me dar essa honra. Prometa que vai sobreviver. Que não vai desistir, aconteça o que for. Prometa agora, Rose, e nunca deixe de cumprir." Jack não poderia ter feito um pedido mais bonito antes de morrer. Com essa frase, ele mostra um amor puro, não egoísta, e maduro. Rose, dessa forma, faz um juramento e o cumpre, salvando-se. Sempre irei admirar essa "relação" madura que a história mostra. Porque pra mim, amor é isso. É lutar com todas as suas forças e dar tudo de si para salvar a quem se ama, e desejar que a pessoa seja feliz ainda que não seja contigo.


Enfim, passaram-se 14 anos, e até hoje esse filme me arranca lágrimas, arrepios, e ainda consegue me ensinar, mesmo eu já tendo-o visto milhares de vezes. E eu poderia falar bem mais sobre o quão maravilhoso ele é, lembrando que a trilha sonora é incrível. Mas, vou me limitar ao que já disse até agora. Só sei que meu sentimento transborda. É muito, muito, muito amor, como eu já disse. Na verdade, o que sinto por "Titanic" vai além de tudo que eu possa escrever.


Obrigada, 1912.
Obrigada, James Cameron.


2 comentários:

PauloAfonso disse...

1° dos poucos que leram tudo, preciso assiti o filme dinovo *---*

PauloAfonso disse...

Aé Adorei *-*
vc se expressa de um modo parecido comigo *---*