quinta-feira, 9 de agosto de 2012


Oi, gente! Já vou logo avisando que a preguiça, as aulas, e o - meio - emprego me pegaram de jeito, por isso, dei uma sumidinha. Mas, aqui estou. E hoje vim postar um texto escrito pela Luana e por mim. Foi muito gratificante e interessante trabalhar nele com a Lu, e eu gostei muito do resultado, então, espero que vocês também gostem. Mesmo sendo suspeita pra falar, porque sou fã dos textos dela, recomendo que visitem o seu cantinho e leiam mais coisas por lá.
                                                                Beijos, até mais.



Condenados à seguir separados.

Apoiei meus braços sobre os joelhos enquanto o sol de inverno me aquecia lentamente, quase em vão na verdade. Fechei os olhos e lembrei-me de um dia em que deitei nas pernas dele... “Fecha os olhos” ele me disse. “Para que?” eu perguntei querendo rir. “Fecha” ele insistiu. “Tudo bem” concordei descansando meus olhos. Então, ele ficou me observando “Posso olhar?” perguntei impaciente. “Não...” ele sussurrou, e ainda de olhos fechados umedeci meus lábios com a língua. Ele soltou uma risada baixa como se fosse um alivio “Pri...” começou a dizer, mas não terminou a frase “O que foi?” abri meus olhos e o encarei "O que foi?” repeti, ele se aproximou “Não é nada...” e me beijou. Um beijo calmo e demorado. Quando terminamos, sorriu contra meus lábios. “...um dia você vai entender”, sussurrou. Eu nunca entendi...

(Anos depois...)

Abri meus olhos e senti uma mão no meu ombro. Assustei-me. 

Oi” ele disse, encarando-me. Estava mais gordo, parecia mais alto, estava mais homem e menos menino. No fundo, era o mesmo, mas, tinha algo novo. A minha ausência não o fizera morrer, não que eu desejasse, mas... 

Oi” respondi com a voz doce, eu sabia que esse tom mexia com ele. Levantei e o abracei de leve, como se fossemos estranhos. Abraça-lo era totalmente diferente agora, parecia errado. Ainda mais após vê-lo com... Enfim. 

Então, Pri...” ele olhou para o céu. Agradeci mentalmente por sua atenção não estar em mim. Minhas bochechas arderam por ouvi-lo chamar-me pelo apelido. “Como você está?” ele me encarou “Está tudo bem?”. 

Eu sentei e bati a mão de leve no espaço vazio ao meu lado no banco, “Senta aqui”, eu disse.  Observei-o pelo canto dos olhos enquanto ele se sentava e comecei a dizer “ Está tudo bem sim. Adoro esse tempo... Você também né?”, ele fez que sim com a cabeça. Por mais que eu tivesse assuntos e perguntas guardados dentro de mim, o que saia era sempre algo ligado ao tempo, ao clima, a estação. Assuntos banais entre dois estranhos, eu sabia.

É muito bom” ele disse. Ficamos em silêncio. “Então- ele começou - sabe como sou curioso...” eu sorri, concordando com a cabeça. Estava tão feliz por vê-lo ali na minha frente, tão perto, tão... 

“Ainda é curioso” eu disse. Não podia evitar, nossa conversa sempre seria com base na época em que passamos juntos, nos longos e inesquecíveis três meses em que ficamos juntos. Os melhores para mim. Depois de tanto tempo, eu ainda fico feliz todo dia 18 de Abril. “Não vou enrolar- comecei a dizer- sei que você deve estar ocupado e eu também tenho mil coisas pra fazer” respirei fundo. "Mas, de qualquer forma, que bom que estamos tendo essa conversa frente à frente, só nós dois."

“Fiquei surpreso, eu assumo” ele me interrompeu “E, na verdade, as pessoas acham que estou na academia” ele disse quase dando risada, mas sua face emanava um homem cínico.  Confesso que este lado eu não conhecia.

 “Imagino” comentei.

O Cau Cau sabe que você está aqui?” ele me perguntou. Observei o parque e o céu antes de responder.

 “Não, o Carlos acha que estou fazendo outras coisas” confessei. “Estamos aqui sem ele saber...”, senti uma pontada de culpa após terminar a frase. Não estávamos fazendo nada de mais, então por quê me parecia errado?

"É, talvez não seja necessário contar à ele e para...” Ele não queria dizer o nome dela, mas na minha mente eu já havia dito. Tudo bem, tudo bem... Não era um encontro, era apenas uma conversa de dois velhos amigos, que um dia foram bem mais que isso, e agora não importava mais.

“É” eu concordei antes dele dizer qualquer coisa. “Bem...- o encarei para ver se não ia me interromper - Eu estou indo embora. Na verdade, nós. Eu e o Carlos” respirei fundo, pensando por um segundo em tudo que me aguardava. "Ele vai te contar no fim de semana, no futebol que vocês jogam todo sábado. Só que eu vou antes então... - suspirei, tomando fôlego para continuar - Eu sei que faz muito tempo. Agora você namora e eu... Estou com o seu melhor amigo e tudo mais, mas é que..." Senti vontade de chorar, as lágrimas queimaram logo acima dos cílios inferiores. “Você é o meu passado mais presente, entende?” ele me encarava como se não tivesse entendido nada. “Eu ainda te amo...” então, me aproximei de se corpo, quase implorando por ombro, mesmo sabendo que não era amigo. Encostei a minha cabeça no seu ombro e senti o perfume; ainda era o mesmo da minha época dos três meses. 

Ele me abraçou de leve e disse “Pri, não esperava por isso, mas, talvez, lá no fundo eu desejasse” ele segurou meus braços e me encarou. “Mas é que ...” antes que ele continuasse eu o interrompi.

Não estou te pedindo nada. Eu vou embora porque consegui um novo emprego fora do Brasil e vou levar o Carlos comigo, ele está tão empolgado e... – suspirei- não estou pedindo nada... Eu só precisava confessar antes de ir... De ir para sempre.” ele se aproximou do meu pescoço para sentir meu cheiro e deu um leve beijo e foi subindo... Subindo... Até o canto dos meus lábios e uma lágrima escorreu pela minha face. Então, ele me beijou lentamente. Era um beijo quente, com saudade, com amor, paixão e ternura. Eu estava no céu, não era mais uma mulher, voltara a ter 14 anos e ele 17, éramos adolescentes novamente... Ele mordeu meu lábio inferior bem de leve assim que acabamos, e subitamente eu me lembrei de como tudo costumava ser. De como nos beijávamos. De como o gosto dele era. Ele tinha gosto de café, às vezes de chocolate ou menta. Quando eu comentava sobre isso com ele, ele costumava dizer que era melhor assim. Que queria ter sempre um gosto diferente para que eu nunca me cansasse. Por Deus, eu nunca me cansaria.

Agora, depois de tantos anos, de tantas lágrimas e tantas surpresas da vida, eu estava provando sua boca mais uma vez. Eu sabia, ele sabia, era a última vez. Aquilo não estava certo. Era tudo que eu queria, mas não era certo.



11 comentários:

Anônimo disse...

Lindo o texto, mas triste :/ é horrível quando o passado ainda meche com o nosso presente, mas isso sempre vai acontecer de uma maneira ou outra. Seria ótimo uma visita sua no meu blog.

http://shakespearementiu.blogspot.com.br/

Juliana Guedes disse...

Lindo texto, mesmo sendo triste. Eu sou assim vivo deixando o passado mecher comigo.
Beijos^^

Júlia disse...

Lais, o texto de vocês está lindo!
O final acaba sendo um pouco triste, porque despedidas são dolorosas, ainda mais desse tipo... Eu já passei algo parecido com isso.


Beeijoos e obrigada pela visita no colouredsmile :D

:*

Anônimo disse...

Oi, Laís! Senti mesmo sua falta por aqui! Gostei muito do texto, sendo escrito a duas, achei que a sintonia de vocês foi incrível! Parabéns! Um abraço!

Munique disse...

Nossa que texto triste! Mas é também incrivelmente lindo! Dá pra sentir a dor da personagem... muito bom mesmo. Parabéns para as duas!

Luana disse...

aaah ficou tão lindo né? nosso bb! hahahaha o primeiro de muitos, certeza. Agora falta fazer outro pra postar lá no meu blog =)

BJoos.

su disse...

Uau! Tá, isso foi meio novela das seis, e clichê. mas,ficou bonitinho. é o que importa,não? acho que,antes de tudo, o escritor tem que gostar da história. ^^
Emilie Escreve || Fanpage || @blogabs

Lorena Flor disse...

fiquei toda deprê!kkkkkkkk
nem se preocupe, eu tbm fico na correria do meio emprego + faculdade.
xoxo ;*

http://lorena-flor.blogspot.com.br/

Unknown disse...

Adorei o texto, flor! Apesar de triste, mas confesso que curto uma melancolia poética haha

Linda, acabei de colocar um post novo lá no blog com penteados e resenhas, passa para conferir?

http://mundinhodasue.blogspot.com.br

Beijinhos!

Heitor Lima disse...

Nossa, que texto! Que dor :X
Tenho uma admiração por histórias assim e a vossa ficou ótima *-*
Sempre me comovo com algo que envolve viagem >.<
Até mais ;*

O Profeta disse...

Tão triste nasceu hoje o Verão
Tão agreste sopra este colérico vento
Tão molhada está esta verde terra
Tão cinza está um coração em desalento

Mentem os que disserem que perdi a Lua
Os que profetizaram o meu futuro de luz
Mentem os que acharam que não me visto de sentimento
Os que acham que apenas a mentira seduz

Acolhi no olhar todas as coléricas vagas que alcancei
Abracei uma roseira e senti o golpe dos espinhos
Senti o aroma errante das hortênsias
Numa viagem por sete caminh

Bom fim de semana

Doce beijo