Encontrei nossa foto. E com ela, encontrei também sentimentos ainda existentes em mim, que na correria dos dias, foram camuflados pelas responsabilidades da vida adulta. Eles voltaram como uma lembrança tão intensa e dolorosa, não me deixando outra escolha além de vivê-los uma vez mais, senti-los, absorve-los ao escutar cada uma das canções que um dia chamamos de (nossas). Era tudo tão plural. Era tudo tão nosso. Nosso tempo. Nossas músicas, lugares, e nossas demonstrações de afeto. Era aquele sentimento caloroso de saber que haveriam vozes na linha do telefone, sempre que precisássemos. A sensação de adrenalina ao ver o anúncio da festa badalada e pensar que teríamos as companhias certas. Era o cuidado pra estudar junto nas quinhentas recuperações de matemática, física, química. A confiança pra dividir medos e paixões. Os segredos e empurrões. Era aquela vontade de se fazer presente na ausência, sem obstáculos e preocupações.
E nossa amizade foi isso.
Foram aquelas mensagens subliminares na lousa, deixadas em todos os intervalos. Foram as invenções pra passar o tempo nas trocas de aula. Foi aquele caderno tipo jornal pra anotar tudo que acontecia na escola. Foi aquela blusa estampando nossa frase. E aquele CD com todas as músicas que mais marcaram nossa história.
No final, acho que foram todas essas pequenas coisas e tanto a mais... E assim, consigo perceber a paixão que existia em cada ato daqueles dezessete. Mas paixão passa assim como o tempo. No lugar dela, ficou um pouco de tudo. De amor. De dor. E talvez arrependimento... Por ter deixado nossos momentos irem se perdendo aos poucos. Por diminuir as mensagens, os telefonemas e encontros, nos colocando em uma caixinha dessas que ficam lá em cima do meu armário, cheia de lembranças materializadas.
E eu fico aqui, no meio de um feriado, pensando:
Será que é muito tarde pra nos tirar de lá?
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