quinta-feira, 21 de junho de 2012

Biblioteca, part2.

Elas caminharam juntas, em uma velocidade normal, até o andar térreo. Mas para Samanta, os segundos levados naquele percurso pareciam horas, tamanha vontade de chegar na biblioteca novamente, mesmo que fosse só pra observar. Sempre para observar. As duas entraram, e Rafael continuava ali, perto do balcão, com Nicollas ao seu lado. Olhou as duas companheiras de sala, sorrindo.

- E então, vamos estudar? - ele perguntou enquanto Nicollas se afastava.
Samanta girou o pescoço olhando cada parte da biblioteca, o garoto pelo qual seus olhos procuravam não estava mais lá, mas ela assentiu com a cabeça, visivelmente desapontada.
- Ele foi embora - disse, virando-se para Alana - mas as coisas dele ainda estão ali, e o amigo ainda está ali - concluiu, observando a mesa dos dois.
- Acho que ele sabia que você ia voltar aqui, perseguidora de platônicos - ela riu, depois de fazer a piada de sempre. Samanta, quase conformada, sorriu, sabendo que aquilo era realmente engraçado. Um tanto quanto insano. Ela tinha que admitir, era estranho observar alguém de longe por tanto tempo, sem ao menos ter coragem ou pretexto para dizer um "olá".
- Todas as mesas estão ocupadas - Rafael constatou, olhando para as garotas - Se vocês quiserem, a gente pode pedir pra sentar com aqueles caras - ele riu, apontando a mesa que Samanta havia acabado de encarar. Rafa adorava testá-la. E claro, Samanta sempre ria, lembrando-se do que deveria fazer para o garoto do sorriso bonito a notar, mas nunca fazia nada. E sem ele ali, sua vontade para estudar diminuiu consideravelmente. Então, nem se importou por não ter lugar para eles, e disse simplesmente que poderiam ficar do lado de fora, encostados na parede em frente à porta.

A porta da biblioteca era uma grande extensão de vidro, e bem em frente existia a parede lateral do banheiro masculino, onde era comum grupos de estudantes passarem o intervalo em rodinhas, conversando ou jogando baralho. Por sorte, naquele momento, não existia ninguém por perto. Os três encostaram-se ali, e abriram seus cadernos, folheando páginas até encontrarem a matéria. Tinham que concordar em uma coisa, nenhum deles era bom com contas, e tudo que tinham anotado parecia impossível de se interpretar. Era como tentar falar com um alemão, sabendo só português.

- Porque sua conta deu esse resultado, Samanta? - Rafael tinha o caderno da amiga sob as pernas e analisava os rabiscos feitos na folha. 
Números. Números. Números. Sammy os odiou sua vida toda. Ela só conseguia amar palavras, e não dava a mínima para como eles se juntavam e pro que iriam virar. Eram só números, e ela copiou exatamente como o professor passou na lousa, isso não significava que ela soubesse fazer aquelas contas.
- Eu não sei - ela respondeu, quase sem prestar atenção. O garoto de outrora apareceu novamente diante seus olhos. Ele estava a menos de um metro do grupo, sozinho, comendo seu lanche, já que dentro da biblioteca não era permitido entrar com alimentos.
Rafael e Alana perceberam a distração da amiga no mesmo instante.
- Presta atenção aqui! Aqui! - Alana berrou com um tom divertido.
Sammy pegou seu caderno nas mãos, como se fosse provar que podia fazer aquilo, aquela coisa de prestar atenção em algo. Observou os números, tentando encontrar a lógica em todas aquelas contas, mas isso só a deixava mais confusa. Passou alguns segundos assim, antes de largar o caderno novamente no colo do amigo.
- Eu desisto! Eu não sei matemática! - sussurrou para que só os dois escutassem.
- O quê? - Rafael disse em um tom alto, fazendo com que as duas arregalassem os olhos. Ele parecia estar brincando, mas... - Você não sabe matemática, Samanta? - enfatizou o nome dela, fazendo-a ficar vermelha. Ela conseguiu entender o que o garoto estava fazendo. Maldito seja!
Nessa hora, Alana também já havia entendido e ria sem parar ao lado da amiga.
- Eu não acredito que você... Para com isso agora! - ela ameaçou com um olhar - Ele vai ouvir. Pelo amor de Deus, para! - desviou os olhos para o garoto que ainda comia seu lanche, mas estava perto demais, se ele não estivesse no mundo da lua, com certeza ouviria. Ela esperava que não.
Cada curso da universidade tinha seu próprio uniforme, e o nome do curso sempre fica evidente no tecido, geralmente na parte de trás da camiseta. Naquela noite, o garoto bonitinho, vestia seu uniforme. Então, para bom entendedor, meia palavra sempre basta. E Rafael não podia dizer aquilo, não podia, não podia, e disse:
- Nossa, Samanta, eu acho que você deveria arrumar um namorado... - sua voz saiu realmente alta, e continuou - um namorado que faz engenhaaaaria - Ela estava, definitivamente, humilhada - já que você não sabe matemática... Seria bom! - ele terminou, com um sorriso triunfal no rosto.


Se aquele garoto nunca a notou antes, agora ele teria um motivo pra isso. Mesmo que fosse para constar que os amigos dela eram uma piada, e que ela era uma negação com cálculos, obviamente uma coisa que para ele deveria ser muito fácil. Mas, talvez ele não tivesse escutado, ainda que a pouca distância e o tom da voz de Rafael tivessem sido o suficiente para isso que isso acontecesse. De qualquer forma, ela não ousou a olhá-lo de novo, não naquele momento. O emblema de "engenharia" ainda estava ofuscando seus pensamentos.

Alana estava vermelha de tanto rir, e Samanta pode notar algumas lágrimas escaparem de seus cílios. Ela também ria sem parar, mas não sabia se era por vergonha ou se tinha achado tudo aquilo engraçado. Uma parte sua queria estrangular seu amigo, e a outra sabia que ele tinha razão. Ela... Ela deveria aprender matemática. Não é?




Ps: Meus Deus, ficou muito grande! De todo modo, obrigada por terem lido. *-* A cena acaba aqui, mas, pode ser que um dia, eu faça alguma continuação pra ela.

8 comentários:

Charlie disse...

3 coisa a dizer, coisas bobas, minhas:
número 1 - Cálculos? Pra que? O mundo seria tão mais divertido se as pessoas não precisassem enumerar tudo (como estou fazendo agora rs). Concordo plenamente com a Sammy (posso chamar ela assim? Considero intima já!), prefiro muito mais as palavras, são tão mais . . . incríveis!
número 2 - Nem pense em diminuir o próximo! Deixa grande! É tão gostoso ler histórias detalhadas, e uma vez que vc cuspiu uma palavra deixa ela viver, não tira ela se não tiver um bom motivo. Quando alguém começa a ler e se apaixona pela história logo no começo, nem liga pro tamanho, quer saber mesmo é o final.
E por fim número 3 - Eu ESPERO que tenha continuação. Gosto de mais da Samanta para ficar sem saber o que acontece!!!! HAHAHAHAHA Ele olha pra ela? Eles chegam a conversar? Ele ensina ela a matemática? Aaaai espero que uma luz venha até você e faça vc continuar!hahahahhahaha

Ps. Desculpe abusar do espaço, mas é que eu me empolgo *-*
Pss. Se vc continuar, eu vou ser a primeira a querer ver de perto!

Parabéns mais uma vez anjo! *-*

Luana disse...

Me prendeu do começo ao fim, confesso que fiquei com preguiça quando li aqui " segunda parte" mas ai , como curto o seu blogue, fui lá na primeira parte e ri, me diverti com o fata da Samantha querer estudar só pq o gatinho dela estava na biblioteca e ai também não aguentei e voltei para a parte dois ler a continuação. Mas moça, inventa uma continuação pra essa parte dois, esses dois personagens têm que se conhecer. Eu não gosto de contos muito clichê, mas o seu tem uma gosto de quero mais, escrever tão bem... Queria mais.

Beijos!

Dayane Nascimento disse...

Me desculpa mas eu estou querendo lê o texto mas não da kkkk (muito sono) amanha assim que eu entrar no pc eu venho lé esse texto que eu sei que deve esta maravilhoso :D porque ja são quase 4 horas da manha e eu aqui kkkkkkk Bom só vim aqui que tem uma tag pra você no meu blog ^^ espero que goste :D
http://conversando-com-a-lua.blogspot.com.br/2012/06/tag.html
Bjs

Biological Scenes disse...

Oii, vim te convidar para participar do sorteio que está tendo la no meu blog :)

Anônimo disse...

Você escreve muito bem, não se prenda ao tamanho do texto. Quem gosta, vai ler. Ah, mas fiquei esperando a continuação, espero que se inspire logo! Adoro contos do cotidiano. Um abraço!

Dayane Nascimento disse...

Agora voltei e li rsrsrs eu adorei essa parte ♥ lembrei muito de mim nas minhas paixonites da escola.
e quando chegou essa parte:
" Nossa, Samanta, eu acho que você deveria arrumar um namorado..."
Já cansei de jogar essas indiretas para algumas amigas minha kkkkkkk
Estou ansiosa para a terceira parte :)
E que bom que gostou da tag e a minha mãe também foi no show do Nxzero comigo e adorou kkkk ate hoje ela fala :D
bjinhos *-*
http://conversando-com-a-lua.blogspot.com.br/

Valquíria Novaes disse...

Coitada, pelo menos ela levou na brincadeira a palhaçada td kkkkkkkkkkkkkkkkk
Espero que ela... aprenda matemática kkkkkkkkkkkkkkk
Bjos e boa semana!
amonailart.blogspot.com

Juliana Diniz disse...

Olá Laís, tudo bem?
Primeiramente obrigada por seu comentário e por ter gostado do meu cantinho, fiquei bem feliz por ambos, viu? Que legal, seu irmão, ser beatlemaníaco! *__* Com certeza iria adorar o evento, espero que aconteça na cidade de vocês, é muito bom!

Quanto ao seu conto, parabéns, moça, me prendeu do início ao fim, me vi na pele da Sammy! Já que já vivi coisas bem parecidas e detesto matemática! HAUSHAUSHSUAHSU. Hoje namoro um pseudo-biólogo que me fez me apaixonar ainda mais por biologia, quem sabe a Samanta não aprenda matemática? XD Queria ver uma continuação, visse?

Ah! Lhe indiquei para um meme, espero que goste. No meu último post, estão os detalhes. :D

Beijos, Ju.
fez-se-flor.blogspot.com