segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O que nos difere, nos aproxima.


Domingo a tarde. Nem calor nem frio, dentro de Agosto.

Eu entrei no carro apressada, dando uma última revistada na bolsa. Colírio, carteira, celular. Sentei. Passei o caminho todo olhando pela janela, pensando no que estava prestes a acontecer depois de tanto tempo esperando.

O carro parou. Eu vi você pelo vidro, sentado na calçada, brincando com uma criança. Respirei. Mais um pouco. Só depois consegui alcançar meu celular e digitar um "vem aqui", tomada por timidez.

Você veio. Devagar. Olhando pra baixo, depois pra mim.

Nossos olhos, finalmente, esbarraram-se. O vento soprou. Não de verdade. Soprou dentro da minha cabeça, bagunçando os pensamentos. Não consegui raciocinar direito, mas fui em sua direção, até que a gente se abraçou.

Apertado. Forte. Coube tudo nos seus braços (como não caberia?).

"Vamos sentar", eu disse.

Tinha um degrau, em uma loja fechada.

Sentamos.

Seu rosto mais perto, seus braços me apertando inteira enquanto eu tentava conversar.

Não, não fecha minha boca com a sua.

Não.

Eu queria conversar mais. Como você é apressado...

Tudo bem, no fundo eu sabia que nós dóis já havíamos conversado o suficiente durante meses, então, chega de enrolar.

Olhos fechados, respirações divididas, e... Foi-se.

"Pelo menos você sabe meu nome!", falei assim que o beijo acabou. Tinha esperado tanto pra jogar isso na sua cara.

Você riu. O cheiro de cerveja impregnado no ar.

"Sei. Você foi a última pessoa que me mandou uma mensagem..."

Que cretino!

Um tapa. O primeiro de muitos, de infinitos estalares de mão. Mas nem doeu. Eu sei que não doeu. Bati com carinho, ainda que merecesse mais força.

Ri.

Os minutos passaram. Eu precisava ir. Você não queria. Segurou meu braço. Levantei.

"Não vai..."

"Eu preciso. Vem comigo, te damos uma carona", ofereci.

Você veio.

Nós dois e o banco de trás do carro.

Beijos. Abraços. Uma mordida nos lábios.

Estava quase sem ar. Não tenho muito fôlego, sabe.

"Pronto", falei enquanto você abria a porta e saía.

Selamos os lábios bem rapidinho.

''Tchau.''

E quase acabou ali.

3 comentários:

O Profeta disse...

Inventei a ironia numa toada de vento
Roubei as asas a uma gaivota azul
Colei-lhes um poema cheio de penas
E enviei-o para uma tonta do sul

Inventei um mar numa bola de sabão
Roubei uma corda forte e boa
Atei um rol de mágoa à mesma
E afoguei-as nas águas de uma lagoa

Bom fim de semana


Doce beijo

Vane M. disse...

Esse quase é o que faz toda a diferença...Adorei, um abraço!

Marisete Zanon disse...

Gostei do blog...Voltaaaaa!
Beijo e um Feliz Natal!!!