domingo, 21 de junho de 2015

Fiel guardiã

A cada passo que ela dá, sente o vento aumentar sua força enquanto brinca divertido entre os fios de seu cabelo louro queimado. O sol dos últimos quatro dias mudaram um pouco o tom das madeixas, mas os cachos ainda caem perfeitamente em uma bagunça alinhada pelos ombros bronzeados, que agora já começam a descamar de forma discreta. Ela parece não se incomodar com isso, nem com as conchas que espetam a sola de seu pé conforme anda pela lateral da extensão azul. Ignorando qualquer forma de dor, percebe que até as interiores desapareceram. 

Em cada respiração, sente o peito se preencher de uma alegria genuína, calma e profunda. Uma sensação que parece limpá-la por completo como se tivesse tomado um longo banho de chuva. Ela pensa nisso, e se dá conta de que não foi um banho, mas talvez tenha tomado uma porção de consciência. De que na maior parte do tempo esteve preocupada com pessoas, coisas, lugares, metas, desafios, e até com ela mesma, só que não da forma como deveria. Respirando fundo, olha pro horizonte, percebe o final de uma onda molhar seus pés, e entende que a maior preocupação que deveria ter tido era com sua própria mente. Porque nas mudanças do destino, de tudo que vai e que chega, o que irá acompanhá-la até seu último dia é ela, a fiel guardiã de toda sua história.


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